A imagem das Pirâmides de Gizé ao lado das águas de um rio parece muito sugestiva e idílica… mas não está longe da realidade. Isso foi revelado recentemente por pesquisadores da Universidade de Cambridge, que publicaram seu estudo na revista Nature. você pode descobrir o que tem sido chamado de um novo ramo do Nilo: Rama Ahramat. Nesta publicação, damos a você algumas pistas sobre a descoberta.
Confirmação de uma teoria anterior
O artigo mencionado acima na revista Nature tem um título muito eloquente: Found at last (finalmente encontrado). Em outras palavras, “Found at last” (finalmente encontrado). A crença de que um braço do Nilo passava por aqui não era exatamente nova, e sua confirmação já estava próxima, como comentamos em um post anterior deste blog.
Mas somente agora isso foi confirmado com o uso de técnicas modernas de pesquisa. Especificamente, imagens de radar por satélite, dados geofísicos e amostras de solo para estudar sua composição e sedimentos. E, com todas essas informações, a equipe liderada por Judith Bunbury não tem dúvidas: a apenas algumas centenas de metros das Pirâmides de Gizé corria o Rama Ahramat, o mencionado braço do Nilo, que facilitou o transporte dos grandes blocos de calcário, extraídos de pedreiras na área circundante.
Templos do vale, usados como portos
Outra das contribuições interessantes desse estudo da Universidade de Cambridge é a função dos Templos do Vale, localizados a algumas centenas de metros das Pirâmides de Quéops, Quéfren e Micerino, e ligados a elas por uma linha reta. Sem negar a função religiosa que essas construções sagradas tinham, é lógico pensar que o terreno em que elas estavam localizadas era usado como porto ou cais de descarga para esses blocos, muito antes de as estruturas dos templos do vale serem construídas.
Assim, é possível interpretar que os caminhos longos e retos que ligavam o templo e a pirâmide não eram usados apenas para a procissão da múmia do faraó em questão em um ritual de purificação: também é possível interpretar que esses caminhos eram os últimos metros, já no chão, dos grandes blocos de pedra que eram então montados na pirâmide em questão.
E isso sugere que o platô de Gizé não era o único lugar onde esse sistema era empregado, pois, por exemplo, na necrópole de Saqqara, a pirâmide de Unis também tem seu próprio templo de vale, que poderia ter agido de maneira semelhante.
O transporte de blocos de pedra, documentado
Como você sabe, a construção das Pirâmides de Gizé deu origem a muitas teorias da conspiração, sendo as mais ousadas aquelas que falam da mão de extraterrestres. Um dos argumentos mais repetidos é a suposta impossibilidade de transportar blocos de pedra tão grandes com os meios técnicos da época.
Mas a civilização do Egito Antigo provou ser muito ousada em detalhes como esses. De fato, para confirmar a prática do transporte de blocos de pedra em barcos fluviais não é preciso muita pesquisa, mas simplesmente observação: há pinturas e relevos do Egito Antigo que retratam essa atividade. Um exemplo disso são as pinturas do Museu Egípcio no Cairo, da tumba de Ipi (6ª Dinastia) em Saqqara. Isso é o que os construtores das pirâmides de Gizé teriam feito ao longo do braço do Nilo.
E no que diz respeito ao transporte terrestre, as centenas de metros entre a localização dos templos no Vale e as Pirâmides não devem ter sido uma tarefa muito grande, considerando que estátuas colossais de grande peso podiam ser transportadas por dezenas de quilômetros, como mostram as pinturas na tumba de Dyehutihotep (XI Dinastia) em Deir El-Barsha.